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A ARTE NÃO TEM PENSA: O INCONSCIENTE NÃO TEM GOVERNO.

"Tem mais presença em mim o que me falta", disse o poeta brasileiro, Manoel de Barros, em sua obra "Livro sobre nada".


Em suas poesias, Barros sustentava ser um apanhador de desperdícios. Penso ser uma posição análoga a de um psicanalista ao apontar um ato falho ou um chiste, por exemplo. Em sua arte, na poesia, Barros sugere certo jogo com as palavras em função de se enriquecer a poesia; propunha desver o mundo, perturbar os sentidos, para assim despertarmos para algo nas entrelinhas, semi-dito, para a importância das palavras ou das coisas que parecem desimportantes.


A arte pode manifestar algo do inconsciente, como em algumas canções. No anarquismo de "Como o diabo gosta", do cantor Belchior; também em "À flor da pele" de Chico Buarque, onde o compositor inquieto, provoca: "O que será que será, que dá dentro da gente e que não devia? Que desacata a gente, que revelia?" O inconsciente não tem governo. (Nem nunca terá)


E então se evidencia o desejo, que "desloca-se de um objeto a outro, numa cadeia interminável", que podemos expressar com um trecho da canção de Caetano Veloso, "Ah! Bruta flor do quer". E marca bem, a sutileza e a força do desejo, do inconsciente.


Portanto, a ciência do inconsciente e a arte, propõem à coletividade humana, em algum nível, uma mediação entre as pulsões em função do caráter cultural humano. Ambas, a psicanálise e a arte, propõem possibilidades, apostam na singularidade de cada sujeito; implicam Isso, que muitas vezes ignoramos.


Apostar, construir, fazer, possibilitar, propor, são exemplos de verbos escritos (nas entrelinhas) pela arte e pela psicanálise, que sustentam a potencia da força criadora, a pulsão de vida, em detrimento de nossa pulsão de morte.

"Dou respeito às coisas desimportantes" (Barros). Isso, também é política.


Política de vida. E vidas, importam!


 
 
 

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